Páscoa –Travessia - Ressurreição!
Abrimos as
páginas dos jornais, ou abrindo os nossos olhos e nossa sensibilidade vemos
estampadas cenas de nossa triste e dura realidade: violência no trânsito,
violência contra as pessoas idosas, mulheres e crianças, violência ... Violência...
É a palavra acontecida que marca as nossas vidas. Junto a esta, outras se
encontram e vão compondo um quadro estarrecedor: corrupção; falta de políticas
públicas na área da saúde, educação, habitação; acomodação e imobilismo diante
da dor, sofrimento e miséria.
Incomodação
que é pouca; indignação que tarda em chegar. Mobilização que é difícil de encontrar.
Que esperança nos resta? Que memórias podem ser evocadas para que nos convoquem
a travessias, lutas e sonhos?
Em meio às
dores deste mundo nos vem o convite e o desafio de celebrar a Páscoa, de fazer
a memória do caminho de libertação e de anunciar que o sol há de despontar
vencendo a morte, o medo e a injustiça. Convocação para revelar - porque já
existe no corpo, no sonho e na vida cotidiana – os outros movimentos de pessoas
e de grupos que se juntam num grito de indignação: “porque me abandonaste?”.
Este grito é práxis revolucionária: a morte não vence.
Memória de travessia
A
Páscoa é memória de passagem, de saída da escravidão em luta por uma terra de
leite e mel. Páscoa é trajetória em comunhão, é caminhar mesmo em meio às
dores, ao deserto e ao medo. A Páscoa é festa familiar que ritualiza o
cotidiano. Celebra e defende a vida. Páscoa é convite de comunhão para todas as
pessoas, tempo de comer juntos/as, de amar juntos/as, relações refeitas e
reinventadas, quem sabe diferentes do que estamos acostumados/as. Não rima com
exclusão, preconceito. O caminho desta travessia acolhe as ambiguidades da vida
e propõe a novidade: já não há mais como se acomodar, porque a manhã e a luz há
de chegar e a vida nova há de brotar. Põe-te à caminho! Levanta e sacode a
poeira, pois o novo já se anuncia!
Para que o sol desponte (Mc 16.2)
A Páscoa acontece porque a manhã chega, a
noite passa, o medo vai, a dor abranda. No domingo de manhã, ao despontar do
sol as mulheres saem. Não se acomodam. Não se incomodam de abrir os olhos, a
sensibilidade. Não têm medo de abrir a porta e sair. Assim como a solidariedade
as faz estar presentes na hora do sofrimento, na hora da cruz, igualmente as
impulsiona a sair de madrugada, em meio ao perigo, até o túmulo. Mas, o túmulo
está vazio. A morte não tem a palavra final. Quando o sol desponta, a vida
vence a morte. Milagre de ressurreição!
A fé na cruz/ressurreição nos impulsiona e
movimenta em compromisso e responsabilidade a anunciar a boa nova. A morte foi
vencida. O medo e a injustiça já não têm a última palavra. Por que somos
agraciadas e agraciados pelo amor de Deus, podemos nos comprometer no serviço,
no consolo e no amor ao próximo. Não como obrigação ou mérito, mas por
solidariedade, e quem sabe por paixão, amor “que arde forte” (cf. Ct 8). Esta é
a palavra-ação que experimentamos no sacrifício (trabalho/oficio sagrado) de
Jesus, no tempo da paixão. É experiência de com-paixão e salvação!
O corpo de Jesus, dado e derramado é anúncio de
perdão e vida nova, porque novos caminhos são possíveis – vamos tentar acertar
conjuntamente de novo. As coisas velhas passaram e eis que a novidade de vida
pode ser concreta no meio de nós. Páscoa é convite para celebrar dores e
sonhos, em comunidade, em comunhão. Sinal de esperança. Graça. Solidariedade.
Esperança militante. Anúncio!
E se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação
e vã a nossa fé (1 Co 15.14)
Desejos de uma abençoada Páscoa!
Frei Carlos Antonio
Frei Carlos, estou satisfeita com seu trabalho evangelizador em nossa paróquia, voltei a frequentá-la após sua posse. Gostaria que se pudesse, o senhor abençoasse-nos com água benta nas celebrações. Um grande abraço e que Deus nos abençoe e nossa Mãe Santíssima nos guarde. Amém.
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