domingo, 8 de abril de 2012

Feliz Páscoa


Páscoa –Travessia - Ressurreição!
                                                 
Abrimos as páginas dos jornais, ou abrindo os nossos olhos e nossa sensibilidade vemos estampadas cenas de nossa triste e dura realidade: violência no trânsito, violência contra as pessoas idosas, mulheres e crianças, violência ... Violência... É a palavra acontecida que marca as nossas vidas. Junto a esta, outras se encontram e vão compondo um quadro estarrecedor: corrupção; falta de políticas públicas na área da saúde, educação, habitação; acomodação e imobilismo diante da dor, sofrimento e miséria.
Incomodação que é pouca; indignação que tarda em chegar. Mobilização que é difícil de encontrar. Que esperança nos resta? Que memórias podem ser evocadas para que nos convoquem a travessias, lutas e sonhos?
Em meio às dores deste mundo nos vem o convite e o desafio de celebrar a Páscoa, de fazer a memória do caminho de libertação e de anunciar que o sol há de despontar vencendo a morte, o medo e a injustiça. Convocação para revelar - porque já existe no corpo, no sonho e na vida cotidiana – os outros movimentos de pessoas e de grupos que se juntam num grito de indignação: “porque me abandonaste?”. Este grito é práxis revolucionária: a morte não vence.

Memória de travessia

  A Páscoa é memória de passagem, de saída da escravidão em luta por uma terra de leite e mel. Páscoa é trajetória em comunhão, é caminhar mesmo em meio às dores, ao deserto e ao medo. A Páscoa é festa familiar que ritualiza o cotidiano. Celebra e defende a vida. Páscoa é convite de comunhão para todas as pessoas, tempo de comer juntos/as, de amar juntos/as, relações refeitas e reinventadas, quem sabe diferentes do que estamos acostumados/as. Não rima com exclusão, preconceito. O caminho desta travessia acolhe as ambiguidades da vida e propõe a novidade: já não há mais como se acomodar, porque a manhã e a luz há de chegar e a vida nova há de brotar. Põe-te à caminho! Levanta e sacode a poeira, pois o novo já se anuncia!

Para que o sol desponte (Mc 16.2)

  A Páscoa acontece porque a manhã chega, a noite passa, o medo vai, a dor abranda. No domingo de manhã, ao despontar do sol as mulheres saem. Não se acomodam. Não se incomodam de abrir os olhos, a sensibilidade. Não têm medo de abrir a porta e sair. Assim como a solidariedade as faz estar presentes na hora do sofrimento, na hora da cruz, igualmente as impulsiona a sair de madrugada, em meio ao perigo, até o túmulo. Mas, o túmulo está vazio. A morte não tem a palavra final. Quando o sol desponta, a vida vence a morte. Milagre de ressurreição!
  A fé na cruz/ressurreição nos impulsiona e movimenta em compromisso e responsabilidade a anunciar a boa nova. A morte foi vencida. O medo e a injustiça já não têm a última palavra. Por que somos agraciadas e agraciados pelo amor de Deus, podemos nos comprometer no serviço, no consolo e no amor ao próximo. Não como obrigação ou mérito, mas por solidariedade, e quem sabe por paixão, amor “que arde forte” (cf. Ct 8). Esta é a palavra-ação que experimentamos no sacrifício (trabalho/oficio sagrado) de Jesus, no tempo da paixão. É experiência de com-paixão e salvação!
  O corpo de Jesus, dado e derramado é anúncio de perdão e vida nova, porque novos caminhos são possíveis – vamos tentar acertar conjuntamente de novo. As coisas velhas passaram e eis que a novidade de vida pode ser concreta no meio de nós. Páscoa é convite para celebrar dores e sonhos, em comunidade, em comunhão. Sinal de esperança. Graça. Solidariedade. Esperança militante. Anúncio!
  E se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé (1 Co 15.14)

Desejos de uma abençoada Páscoa!

Frei Carlos  Antonio

Um comentário:

  1. Frei Carlos, estou satisfeita com seu trabalho evangelizador em nossa paróquia, voltei a frequentá-la após sua posse. Gostaria que se pudesse, o senhor abençoasse-nos com água benta nas celebrações. Um grande abraço e que Deus nos abençoe e nossa Mãe Santíssima nos guarde. Amém.

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